sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Meditação e neuroplasticidade: maneiras de melhorar o seu cérebro

Palavras-chave: meditação, neuroplasticidade, cérebro, comportamento.

Introdução.
Nós não nascemos com o cérebro pronto para se desenvolver apenas nos primeiros anos de vida. Ele passará por muitos estímulos e se modificará de acordo com eles. Falo da hoje famosa neuroplasticidade em que os cientistas têm certeza de uma melhora em nossas vidas de acordo com as formas de estimulação cerebral. Este texto servirá como uma tabela ou resumo da relação entre várias áreas cerebrais e a influência da neuroplasticidade, pelas meditações, melhorando o comportamento das pessoas.

1 - Os lobos parietais
Bem-estar consigo mesmo e com as pessoas do seu convívio pessoal é um dos principais fatores para a felicidade. Mais auto-estima, menos ansiedade e depressão, mais empatia é o que se consegue com a meditação influindo em nosso lobo parietal com uma melhor conexão com as outras pessoas.

O neurocientista estadunidense Andrew Newberg percebeu em suas experiências que os lobos parietais de pessoas de controle em meditação entravam nos mesmos estados de quando não sentiam solidão, revelando essa prática como uma grande ajuda no tratamento desse sentimento tão negativo, capaz de trazer muitas consequências desagradáveis para qualquer pessoa.

2 - Corpo caloso equilibrado
O corpo caloso, você sabe, é o conjunto de nervos ligando os dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo. Pessoas com maior potencial em lógica, matemática, nas ciências, utilizam mais o hemisfério esquerdo, enquanto aquelas intuitivas que se dão muito bem nas artes e filosofias têm o hemisfério direito mais ativo.
 
Até aqui nenhuma novidade mas um estudo na UCLA, em 2012, descobriu que as pessoas mais bem-sucedidas utilizam as duas metades juntas, tendo os corpos  calosos mais volumosos, densos e fortes. É um maior equilíbrio entre os dois hemisférios juntos que confere a alguém um maior rendimento cerebral com pensamentos mais claros e profundos e melhor memória. É possível melhorar a comunicação entre os dois hemisférios cerebrais com a meditação, aperfeiçoando o corpo caloso no sentido de torná-lo mais denso, grosso, que é a base fundamental da comunicação entre os lados do cérebro.

3 - O hipocampo
Ele está ligado diretamente à memória e já se constatou que pessoas com depressão apresentam um hipocampo atrofiado. Um estudo de 2008, publicado no Neuroimage Journal - Elsevier, descreveu o resultado de uma experiência com meditadores em um período de oito semanas, onde seus hipocampos haviam crescido em tamanho, espessura e densidade. Já a neurocientista de Harvard, Sara Lazar, a primeira cientista a notar que a meditação promove a neuroplasticidade, percebeu também que os meditadores com cérebros saudáveis possuem um desenvolvimento também maior de seus hipocampos.

4 - Ínsula anterior “compassiva”
Pertencente ao sistema límbico, nosso centro das emoções, pode ter sua parte direita estimulada pela meditação. Mas ela é justamente a  região do cérebro mais  ativa na prática da bondade e na compaixão, estudada na Escola de Medicina da UCLA, em 2012, e também verificada em imagens na Universidade de Wisconsin. Cientistas acreditam em mudanças nas pessoas, tornando-as mais compassivas com as outras devido à meditação.  

5 - O momento presente do córtex cingulado posterior
A Dra. Sara Lazar, de Harvard, descobriu que essa região do cérebro fica desativada durante a meditação, ocorrendo uma atenção maior ao momento presente da pessoa. Reduzindo as preocupações com o futuro próximo e aborrecimentos do passado, auxilia no combate ao stress, na própria felicidade individual no dia a dia.

6 -  Meditação e inteligência emocional
Universidade de Illinois, 2013: uma descoberta colocou a região cerebral denominada de Junção Temporoparietal (TPJ) em posição de destaque com respeito às áreas cerebrais ativadas em estudos com a inteligência emocional. É possível “construir” uma TPJ robusta com a meditação. Na verdade, e com o que eu descrevi até este momento, dá para se falar em “esculpir” o cérebro com práticas como a meditação no sentido de melhorar a performance do nosso principal órgão do corpo.

7 - Amígdala
Pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts descobriram alterações nas densidades das amígdalas em um estudo com meditação de oito semanas,  provocando redução do estresse e medo em pessoas de controle. É conhecida a relação dessa região cerebral com o medo, a ansiedade e o estresse. Foi como se essas amígdalas enviassem menos informações que provocaria o medo nas pessoas.

8 - Córtex pré-frontal
Região cerebral importante na inteligência, o físico Albert Einstein possuía essa área com um tamanho maior do que o normal. Cientistas da Universidade Estadual da Flórida fizeram uma comparação do cérebro de Einstein com oitenta e cinco pessoas normais comprovando esse fato. Em 2005, mais uma vez citando Sara Lazar, ela concluiu que quanto mais tempo de meditação, maior era o córtex pré-frontal do meditador. E não só isso: menos depressão, mais força de vontade, maior poder de processamento de informação, menor ansiedade.

9 - Insônia
Meditação para a insônia, com presença de modificações estruturais em regiões cerebrais, a neuroplasticidade, foi observada no Hospital Geral de Massachusetts. Todos sabem que não só a quantidade de sono é relevante para uma noite com descanso mas também a qualidade do sono. A meditação aumenta a quantidade de melatonina no estágio principal do sono, o estágio REM, fazendo com que a pessoa acorde e tenha um melhor bem-estar emocional e físico.

É fantástica a influência da meditação em nosso cérebro, em tantas regiões com benefícios tão importantes. Mas tudo isso não seria possível sem os aparelhos de  observação cerebral como o PET, SPECT, fMRI e outros. Ainda se utiliza sistemas computacionais (ou programas de computadores) avançadíssimos para interpretarem o que esses aparelhos conseguem ler nas profundezas do cérebro.

 
Material de leitura:

Argos Arruda Pinto. A meditação como neurorreligação. Disponível em: < 
http://neurorreligacao.blogspot.com.br/2016/10/a-meditacao-como-neurorreligacao.html
>. Acesso em 19-02-2018.

Argos Arruda Pinto. Neurorreligação. Disponível em: < 
http://neurorreligacao.blogspot.com.br/2016/10/neurorreligacao.html
>. Acesso em: 19-02-2018.


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