quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

A neurorreligação através das igrejas evangélicas


Ando por São Paulo e converso com pessoas das mais diversas classes sociais e culturais; entro, digamos assim, em ambientes diferentes uns dos outros e procuro assimilar o que cada um tem de bom (em termos culturais) para eu aprender.

Em um artigo anterior, “A neurorreligação com a religião na vida das pessoas”- http://neurorreligacao.blogspot.com.br/2017/02/a-neurorreligacao-com-religiao-na-vida.html - citei as igrejas evangélicas mas preferi escrever um artigo somente relacionado a elas. O que pode se tornar o primeiro de muitos.

Certa vez, em um domingo de manhã, na Av. São João, indo a  uma lan house, eu me deparei com a igreja, ou templo, do bispo R.R. Soares, a Internacional do Reino de Deus. Como a lan iria abrir um tempo depois, resolvi ver um pouco do que acontecia dentro do templo.

Na década de 90, eu ligava a televisão quando chegava em casa lá pelas seis horas da manhã, depois das chamadas “noitadas” (hoje baladas) e via alguma coisa dele. O achava tranquilo e por isso quis vê-lo ao vivo.

Eram oito e dez da manhã aproximadamente e o local já estava cheio.

Quando o culto começou, com uma música (não me lembro bem), pude presenciar certos comportamentos “bizarros” de pessoas que nunca se repetiriam em nenhum lugar. Primeiro uma menina dançava, rodopiava, em um canto com a maior parte do tempo de olhos fechados; e cantando. Ao lado, e quero comentar mais deste, um senhor com um belo terno cinza, simplesmente esmurrava a parede de revestimento almofadado. Depois se voltou para o palco, abaixando e levantando a cabeça, realizando um sem número de movimentos agressivos com os braços e mãos para todos os lados.

Qualquer psicólogo ou mesmo psiquiatra diz que é ótimo extravasarmos as nossas tensões e agressividade, mas, mesmo sem a palavra deles, sabemos desse fato, sentimos…  

Se aquele senhor participava do culto várias vezes por semana, durante meses e anos, com aquela agressividade, eu não sei, mas, de alguma forma, o que fazia mexia e muito com o cérebro. Disto tenho certeza. E qualquer melhora no comportamento dele positivamente, mesmo se fosse só de diminuir a agressividade dele na vida social e/ou no trabalho, eu diria que pontos no cérebro se modificaram em estrutura e funcionamento, configurando uma neuroplasticidade e depois uma neurorreligação.

Ainda está para acontecer alguma pesquisa nesse sentido, analisando  o cérebro de pessoas assim antes e depois de longas datas de cultos e/ou práticas evangélicas. Se já não aconteceu.

Conheci e conversei com muitas pessoas que curaram depressões, se livraram do vício das drogas e/ou do álcool frequentando e, o que é mais importante, extravasando emoções e sentimentos das mais variadas formas.

Para os evangélicos pessoas assim tiveram uma cura através de Deus. O que a ciência descobre cada vez mais com propriedade é a reconfiguração de atividades neurais levando as pessoas a se  comportarem melhores em relação ao mundo que as cerca. Mas se você acha que só nas igrejas evangélicas acontecem fatos dessa natureza, que só com o deus cristão, está enganado. Pessoas em outras religiões, seitas, “com outros” deuses também conseguem. Basta um exemplo: o hinduísmo.

Acontece que você adota a sua religião e o seus deus como absolutos; mas os outros também. E quem estará com a razão?

Uma coisa é certa: se concentrando, se esforçando, tendo fé no que passaram a você desde criança, mexerá no funcionamento e/ou nas suas estruturas cerebrais, sendo esses ensinamentos pura imaginação de quem as criaram em épocas quando criaram também a religião a eles relacionados. 


Nota:

Outro artigo para leitura:

“Religião ou neurorreligação?”-



 

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