Palavras-chave: neurociência, neuroplasticidade, TCC, fobia social, ansiedade, amígdala. 
Introdução. 
Este
 artigo é baseado em um estudo controlado randomizado (ECR), observando 
mudanças funcionais/estruturais no cérebro quando da terapia cognitiva 
comportamental, utilizando-se da neuroimagem multimodal, (1a, 1) em pacientes com fobia social, também chamada de transtorno de ansiedade social. 
Fobia
 social é o medo de se expor! E esta palavra “expor” compreende muitas 
situações sociais às quais estamos sempre nos deparando em nossas vidas:
 de falarmos em público em um trabalho na universidade a irmos em uma 
festa, de conversarmos em uma reunião com o síndico do nosso prédio e 
até assinar um documento em frente a um gerente de banco, expomos o que 
somos, sentimos, nossas ideias, etc. O medo antecipado e exagerado de 
errarmos ou falharmos em algo, mesmo não sendo importante para a grande 
maioria das pessoas, torna-se um obstáculo intransponível na realização 
de muitas ações e, principalmente, compromissos. A ansiedade acompanhada
 na fobia social faz nos preocuparmos demais com fatos pequenos e 
esqueçamos o que de positivo ocorrera, por exemplo, em uma festa, na 
qual uma piada divertiu várias pessoas e nos destacou das demais. 
Ficamos presos nos possíveis acontecimentos negativos e deixamos 
simplesmente de viver! Deixamos o sucesso em um projeto de trabalho não 
ocorrer porque fugimos da sua apresentação.  
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Essa
 fobia tem como característica principal uma reatividade muito grande da
 amígdala, podendo ser tratada pela terapia cognitiva comportamental. 
(2) A amígdala, o hipocampo, o cíngulo e o córtex cingulado anterior 
(ACC) são regiões cerebrais onde se expressa o medo e atividades exageradas de respostas  neurais têm sido relacionadas com o transtorno de ansiedade. 
Um
 fato bem interessante em nosso cérebro é a responsividade neural pelas 
emoções, assim como na plasticidade estrutural. Responsividade seria 
receber questões, dúvidas e respondê-las solucionando problemas. Neurônios recebem entradas e essas são modificadas. 
No estudo a qual se refere este texto, 26 pessoas com TAS e com outros 26 mas saudáveis,
 escolhidos aleatoriamente, foram submetidos à TCC em um período total 
de 9 semanas, em que os cientistas queriam verificar mudanças 
relacionadas ao tratamento na estrutura cerebral pela alteração do volume de substância cinzenta (GM) e de funções neuronais dependente do nível de oxigênio no sangue, resposta BOLD. 
Os
 cientistas também avaliaram a angústia e o medo dos participantes 
realizando uma tarefa de falar em público por dois minutos. O medo e a 
angústia foram avaliados separadamente em uma escala de 0 a 100 (min-max), e a ansiedade foi calculada como a média dessas medidas. 
Então, segundo eles próprios: “...Assim, demonstramos que a relação entre a atenuação induzida pela TCC da hiper-responsividade da amígdala e os sintomas de ansiedade social é mediada pela diminuição do volume GM local. Semelhante à nossa
 descoberta sobre a relação estrutura-função na amígdala, um estudo 
longitudinal anterior também mostrou dependência entre atrofia GM e 
responsividade neural cognitiva relacionada à idade no córtex 
pré-frontal, sugerindo que o cérebro adaptativo pode ser melhor 
entendido em um contexto multimodal. Assim, argumentamos que análises de
 neuroplasticidade estrutural e alterações funcionais concomitantes 
fornecem melhor compreensão de como o cérebro se adapta aos tratamentos 
ansiolíticos, o que não poderia ser totalmente explicado por cada 
modalidade separadamente. Além disso, nossos resultados reforçam a noção
 de que a neuroplasticidade estrutural na amígdala é um alvo importante 
para os tratamentos psicossociais da ansiedade, como sugerido 
anteriormente para tratamentos farmacológicos do transtorno de estresse 
pós-traumático ... Em conclusão, demonstramos evidências convincentes de
 que a TCC para um transtorno de ansiedade comum altera simultaneamente a
 estrutura física e a resposta neurofuncional
 da amígdala. Embora nossos resultados apoiem que a neuroplasticidade da
 amígdala esteja diretamente relacionada à melhora dos sintomas de 
ansiedade social com TCC, esses resultados devem ser replicados e 
testados em outros transtornos de ansiedade e com outros tratamentos 
ansiolíticos.” 
Um
 dos meus objetivos deste artigo é mostrar mais uma vez o papel 
fundamental da neuroplasticidade como o agente principal das mudanças de
 comportamento das pessoas para um nível melhor em termos de suas vidas 
sociais, afetivas e de trabalho. Como eu sempre digo no termo científico
 que criei, a neurorreligação, (3)
 psicoterapias, meditações, psiquiatria e até nas práticas religiosas, 
ou em uma combinação das quatro, a neuroplasticidade está presente e as 
pessoas submetidas a essas práticas podem muito bem voltar a ter uma 
vida 
normal.                                                                                                             
Referências:
1a - “...medição simultânea de imagens (EEG / fMRI, PET / CT) ou soma de medições separadas (PET e sMRI, sMRI e dMRI, fMRI e dMRI)”
 ... “A neuroimagem multimodal avança a pesquisa em neurociência 
superando os limites das modalidades individuais de imagens e 
identificando as associações de achados de diferentes fontes de imagem. A
 neuroimagem multimodal tem sido usada para investigar uma infinidade de
 populações e distúrbios, como a doença de Alzheimer, esquizofrenia, 
epilepsia, transtorno obsessivo - compulsivo ( TOC), transtorno bipolar,
 transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno do
 espectro do autismo (TEA), traumatismo cranioencefálico (TCE), acidente
 vascular cerebral, esclerose múltipla (EM) e tumores cerebrais.”  
1 - Sidong Liu, Weidong Cai, Siqi Liu, Fan Zhang, Michael Fulham, Dagan Feng, Sonia Pujol, and Ron Kikinis. Multimodal neuroimaging computing: the workflows, methods, and platforms. NCBI. PMC (US National Library of Medicine – National Institutes of Health). 2015. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4737665/ >. Acesso em: 27/08/2018. 
2 - K.N.T. Mansson, A. Salame, A. Frick, P. Carlbring, G. Andersson, T. Furmark e C.J. Boraxbekk. Neuroplasticity in response to cognitive behavior therapy for social anxiety disorder. NCBI. PMC (US National Library of Medicine – National Institutes of Health). 2016. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4872422/ >. Acesso em: 27/08/2018. 
3 – Argos Arruda Pinto. Neurorreligação. 2016. Disponível em: < http://neurorreligacao.blogspot.com/2016/10/neurorreligacao.html >. Acesso em: 27/08/2018. 
 
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