Palavras-chave: meditação, neuroplasticidade,
cérebro, comportamento.
Introdução.
Nós não nascemos com o cérebro
pronto para se desenvolver apenas nos primeiros anos de vida. Ele
passará por muitos estímulos e se modificará de acordo com eles.
Falo da hoje famosa neuroplasticidade em que os cientistas têm
certeza de uma melhora em nossas vidas de acordo com as formas de
estimulação cerebral. Este texto servirá como uma tabela ou resumo
da relação entre várias áreas cerebrais e a influência da
neuroplasticidade, pelas meditações, melhorando o comportamento das
pessoas.
1 - Os lobos parietais
Bem-estar consigo mesmo e com as
pessoas do seu convívio pessoal é um dos principais fatores para a
felicidade. Mais auto-estima, menos ansiedade e depressão, mais
empatia é o que se consegue com a meditação influindo em nosso
lobo parietal com uma melhor conexão com as outras pessoas.
O neurocientista estadunidense Andrew
Newberg percebeu em suas experiências que os lobos parietais de
pessoas de controle em meditação entravam nos mesmos estados de
quando não sentiam solidão, revelando essa prática como uma grande
ajuda no tratamento desse sentimento tão negativo, capaz de trazer
muitas consequências desagradáveis para qualquer pessoa.
2 - Corpo caloso equilibrado
O corpo caloso, você sabe, é o
conjunto de nervos ligando os dois hemisférios cerebrais, direito e
esquerdo. Pessoas com maior potencial em lógica, matemática, nas
ciências, utilizam mais o hemisfério esquerdo, enquanto aquelas
intuitivas que se dão muito bem nas artes e filosofias têm o
hemisfério direito mais ativo.
Até aqui nenhuma novidade mas um
estudo na UCLA, em 2012, descobriu que as pessoas mais bem-sucedidas
utilizam as duas metades juntas, tendo os corpos calosos mais
volumosos, densos e fortes. É um maior equilíbrio entre os dois
hemisférios juntos que confere a alguém um maior rendimento
cerebral com pensamentos mais claros e profundos e melhor memória. É
possível melhorar a comunicação entre os dois hemisférios
cerebrais com a meditação, aperfeiçoando o corpo caloso no sentido
de torná-lo mais denso, grosso, que é a base fundamental da
comunicação entre os lados do cérebro.
3 - O hipocampo
Ele está ligado diretamente à memória
e já se constatou que pessoas com depressão apresentam um hipocampo
atrofiado. Um estudo de 2008, publicado no Neuroimage Journal -
Elsevier, descreveu o resultado de uma experiência com meditadores
em um período de oito semanas, onde seus hipocampos haviam crescido
em tamanho, espessura e densidade. Já a neurocientista de Harvard,
Sara Lazar, a primeira cientista a notar que a meditação promove a
neuroplasticidade, percebeu também que os meditadores com cérebros
saudáveis possuem um desenvolvimento também maior de seus
hipocampos.
4 - Ínsula anterior “compassiva”
Pertencente ao sistema límbico, nosso
centro das emoções, pode ter sua parte direita estimulada pela
meditação. Mas ela é justamente a região do cérebro mais
ativa na prática da bondade e na compaixão, estudada na
Escola de Medicina da UCLA, em 2012, e também verificada em imagens
na Universidade de Wisconsin. Cientistas acreditam em mudanças nas
pessoas, tornando-as mais compassivas com as outras devido à
meditação.
5 - O momento presente do córtex
cingulado posterior
A Dra. Sara Lazar, de Harvard,
descobriu que essa região do cérebro fica desativada durante a
meditação, ocorrendo uma atenção maior ao momento presente da
pessoa. Reduzindo as preocupações com o futuro próximo e
aborrecimentos do passado, auxilia no combate ao stress, na própria
felicidade individual no dia a dia.
6 - Meditação e inteligência
emocional
Universidade de Illinois, 2013: uma
descoberta colocou a região cerebral denominada de Junção
Temporoparietal (TPJ) em posição de destaque com respeito às áreas
cerebrais ativadas em estudos com a inteligência emocional. É
possível “construir” uma TPJ robusta com a meditação. Na
verdade, e com o que eu descrevi até este momento, dá para se falar
em “esculpir” o cérebro com práticas como a meditação no
sentido de melhorar a performance do nosso principal órgão do
corpo.
7 - Amígdala
Pesquisadores do Hospital Geral de
Massachusetts descobriram alterações nas densidades das amígdalas
em um estudo com meditação de oito semanas, provocando
redução do estresse e medo em pessoas de controle. É conhecida a
relação dessa região cerebral com o medo, a ansiedade e o
estresse. Foi como se essas amígdalas enviassem menos informações
que provocaria o medo nas pessoas.
8 - Córtex pré-frontal
Região cerebral importante na
inteligência, o físico Albert Einstein possuía essa área com um
tamanho maior do que o normal. Cientistas da Universidade Estadual da
Flórida fizeram uma comparação do cérebro de Einstein com oitenta
e cinco pessoas normais comprovando esse fato. Em 2005, mais uma vez
citando Sara Lazar, ela concluiu que quanto mais tempo de meditação,
maior era o córtex pré-frontal do meditador. E não só isso: menos
depressão, mais força de vontade, maior poder de processamento de
informação, menor ansiedade.
9 - Insônia
Meditação para a insônia, com
presença de modificações estruturais em regiões cerebrais, a
neuroplasticidade, foi observada no Hospital Geral de Massachusetts.
Todos sabem que não só a quantidade de sono é relevante para uma
noite com descanso mas também a qualidade do sono. A meditação
aumenta a quantidade de melatonina no estágio principal do sono, o
estágio REM, fazendo com que a pessoa acorde e tenha um melhor
bem-estar emocional e físico.
É fantástica a influência da
meditação em nosso cérebro, em tantas regiões com benefícios tão
importantes. Mas tudo isso não seria possível sem os aparelhos de
observação cerebral como o PET, SPECT, fMRI e outros. Ainda
se utiliza sistemas computacionais (ou programas de computadores)
avançadíssimos para interpretarem o que esses aparelhos conseguem
ler nas profundezas do cérebro.
Argos Arruda Pinto. A meditação como neurorreligação. Disponível em: <
http://neurorreligacao.blogspot.com.br/2016/10/a-meditacao-como-neurorreligacao.html
>. Acesso em 19-02-2018.
Argos Arruda Pinto. Neurorreligação. Disponível em: <
http://neurorreligacao.blogspot.com.br/2016/10/neurorreligacao.html
>. Acesso em: 19-02-2018.
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