sexta-feira, 3 de novembro de 2017

A máquina de ler pensamentos está próxima de ser construída

Palavras-chave: neurociência, fMRI, pensamento, neurônio, leitura

De onde vêm os nossos pensamentos? Como eles são? Algo está bem claro entre os cientistas: atividade elétrica dos neurônios ou impulsos nervosos se você preferir. Mas não uma atividade como em um fio metálico a carregar um celular: elétrons em número muito grande se movendo pelo fio. Aqui falamos de íons, átomos carregados eletricamente em movimento, axônios como fios, sinapses, que são uma ponte química entre um neurônio e outro. E para qualquer célula funcionar e realizar suas tarefas, faz-se necessário a presença de oxigênio na molécula de hemoglobina, com o sangue levando essas moléculas para o oxigênio sofrer uma reação de combustão com carboidratos, açúcares, e gerar energia para a célula. E o neurônio não foge a essa regra. Onde,  nas regiões cerebrais que estiverem mais ativas, são justamente aquelas com maior presença de sangue devido ao fornecimento de oxigênio.

A presença de oxigênio na hemoglobina faz com que esse pequeno conjunto se torne, na linguagem da Física, paramagnético, uma condição em que um campo magnético externo possa interagir com um pequeno campo também magnético produzido por esse conjunto.

Existe um aparelho eletrônico sofisticado para tanto, de sigla fMRI -  Imagem por Ressonância Magnética Funcional - capaz de detectar o campo magnético do sistema oxigênio-hemoglobina e, através de um scaneamento, obter dados de quais regiões cerebrais estarão funcionando com maior intensidade.

A quantidade de informações obtidas por esse tipo de scanner requer um apoio de um sistema de localização e investigação dessas informações que recebe o nome de Machine Learning, ou, em português, aprendizado de máquina. Esse aprendizado visa relacionar o próprio aprendizado humano a proporcionar a inteligência em computadores, a inteligência artificial. Um tipo de método para se trabalhar com Machine Learning é o MATLAB, um programa computacional, abreviação de MATrix LABoratory mas que para profissionais de saúde não é tão apropriada. Outro, com muito maior eficácia a decodificar informações de padrões de atividade cerebral é o MVPA, sigla de “Multi Voxel Pattern Analysis”, Análise de Padrões MultiVoxel.    

O fMRI realiza um scaneamento cerebral obtendo dados a cada dois ou três segundos com uma pessoa dentro de uma caixa cilíndrica com um poderoso eletroímã. O campo magnético gerado por esse eletroímã chega a ser 30.000 vezes maior que o campo magnético da Terra.

É informado à pessoa para pensar, por exemplo, em uma casa, enquanto o scanner trabalha. Depois em um sapato e assim por diante. O cérebro forma padrões desses objetos de análise que, no futuro, serão reconhecidos quando não for solicitado à pessoa pensar neles e ela pensar… É difícil se concentrar em uma palavra só todo o tempo e por isso outros pensamentos, objetos, são também percebidos e constituem o que se chamam de ruídos, interferências. Repetindo várias vezes o processo, os cientistas conseguem chegar nas palavras por eles ditadas.  Pronto, já temos uma “leitura de mente” mas com substantivos, ou seja, objetos concretos. Assim que se for aprimorando as “Machines Learning’s”, adjetivos, palavras comuns como pronomes, advérbios, etc., os pensamentos das pessoas serão compreendidos como frases, que é o princípio do processo da linguagem, até com detalhes como intenção, mentira, sinceridade, etc.

Talvez isso demore ainda um tempo mas já podemos vislumbrar alguma  aplicação prática de imediato.

Um delegado pergunta a um sujeito onde ele estava em certo dia e horário quando da ocorrência de um assassinato. Ele se esforça em imaginar a sala da casa dele, vendo televisão com um amigo, o seu álibi. Mas ele é o criminoso e pelo fMRI seus pensamentos vêm de áreas específicas da imaginação. Se ele por um instante se lembrar, o que realmente poderá acontecer ainda mais pelo cansaço da investigação, o rosto da vítima, o local do crime, o som do disparo da arma, etc., será denunciado pois só ele viu esses padrões vindos dos ângulos e da própria luz que entraram em seus olhos e foram processados pelo lobo occipital antes de passarem para a memória. E mesmo se ele for um super-homem, capaz de apenas imaginar a sala da casa com o amigo e a televisão, será também denunciado pois estará utilizando somente a imaginação!

Este é apenas um exemplo simples da quantidade de situações e fatos a serem analisados com pessoas nas mais diversas sociedades do mundo inteiro.

Bandidos e políticos corruptos que se cuidem!


Bibliografia

SILVA, Laura Angélica Tomáz. Ferramenta experimental para análise de padrões de atividade cerebral. 2015. Disponível em: < http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/5629/1/PB_COADS_2015_2_03.pdf >. Acesso em: 03/11/2017.

Nenhum comentário: