Palavras-chave: neurociência, psicologia, psiquiatria, terapia, meditação, religião, psicoterapia, neuroplasticidade.
Resumo - 01
Uma pessoa pode se afastar da sua vida social, relações amorosas e do trabalho devido a problemas emocionais. A depressão é um exemplo comum desses problemas.
Psiquiatria, terapias, meditações e até práticas religiosas e/ou um conjunto delas podem resolver esses problemas. Essas quatro práticas promovem a neuroplasticidade, ou seja, alteram o funcionamento neuronal, propiciam a formação de novos axônios e dendritos ou alteram a configuração de circuitos neurais.
A pessoa se cura, volta a sua vida normal, afetiva e de trabalho. Ela se religa ao seu mundo de antes dos seus problemas emocionais devido à neuroplasticidade.
Dei um nome a isto: neurorreligação.
Neuro de neurônio, neuroplasticidade, rede neuronal e religação de religar-se mesmo.
A cura vem de pequenos ajustamentos do tecido neural.
Resumo - 02
O que a psiquiatria, psicoterapia, práticas religiosas e a meditação produzem nas pessoas? A neuroplasticidade. E o que mais? A busca, em resumo, do bem-estar psíquico das pessoas, às quais essas retornam, após um tempo enfermas, a três termos representando nossas vidas em sentido geral: social, afetiva e de trabalho. É uma forma de se religar às vidas anteriores, através de mudanças estruturais em áreas específicas do cérebro. Assim, de quatro métodos diferentes, atuando em nível micro nas áreas cerebrais, a neuroplasticidade produz um mesmo efeito no comportamento macro das pessoas, e, portanto,
quero cunhar um novo termo científico, a neurorreligação, como a cura
de problemas emocionais, doenças, etc., através dessas quatro técnicas. Falarei de cada uma delas em separado.
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Palavras-chave: neurociência, psiquiatria, psicoterapia, práticas religiosas, meditação
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Introdução
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Introdução
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Foi com modernos e sofisticados aparelhos eletrônicos de escaneamento cerebral, gerando imagens denominadas neuroimagens, como, por exemplo, o SPECT (Tomografia Computadorizada de Emissão de Fóton Único), o PET (Tomografia por Emissão de Pósitron) e o fMRI (Imagem por Ressonância Magnética Funcional), nos quais os cientistas começaram a investigar com detalhes as profundezas do funcionamento do nosso cérebro. Nesta "Introdução" descreverei aqui apenas alguns processos de análise do fMRI, conforme informações da referência bibliográfica, (1) para não ficar cansativo ao leitor.
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A presença de oxigênio na hemoglobina em nosso sangue faz esse pequeno conjunto se tornar, na linguagem da Física, paramagnético, uma condição na qual um campo magnético externo possa interagir com um pequeno campo também magnético produzido por esse conjunto. O fMRI é capaz de detectar o campo magnético do sistema oxigênio-hemoglobina e, através de um escaneamento, obter dados de quais regiões cerebrais estarão funcionando com maior intensidade.
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A
quantidade de informações obtidas por esse tipo de scanner requer um
apoio de um sistema de localização e investigação dessas informações o qual recebe o nome de Machine Learning. É, na verdade, um aprendizado visando
relacionar o próprio aprendizado humano a proporcionar a inteligência
em computadores, a inteligência artificial. Um tipo de método para se
trabalhar com Machine Learning é o MATLAB, um programa computacional,
abreviação de MATrix LABoratory, mas não sendo apropriado a profissionais da saúde. Outro, com muito maior eficácia a decodificar informações de padrões de atividades cerebrais é o MVPA, sigla de “Multi Voxel Pattern Analysis”.
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O fMRI realiza um escaneamento
cerebral obtendo dados a cada dois ou três segundos com uma pessoa
dentro de uma caixa cilíndrica com um poderoso eletroímã. O campo
magnético gerado por esse eletroímã chega a ser 30.000 vezes o campo magnético da Terra.
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É
informado à pessoa para pensar, por exemplo, em uma casa, enquanto o
scanner trabalha. Depois em um sapato e assim por diante. O cérebro
forma padrões desses objetos de análise, os quais, no
futuro, serão reconhecidos quando não for solicitado à pessoa pensar
neles e ela pensar… É difícil se concentrar em uma palavra só todo o
tempo e por isso outros pensamentos, objetos, são também percebidos e
constituem os chamados ruídos, interferências. Repetindo várias vezes o processo, os cientistas conseguem chegar nas palavras por eles ditadas. Temos então uma leitura da mente, mas com substantivos, ou seja, objetos concretos. Assim,
aprimorando as “Machines Learning’s”, adjetivos, palavras comuns como
pronomes, advérbios, etc., os pensamentos das pessoas, serão
compreendidos como frases, o princípio do processo da linguagem, até com detalhes como intenção, mentira, sinceridade, etc.
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Assim,
pela primeira vez na história da Ciência, ela pôde contar com uma ajuda
nunca antes sonhada por ninguém, levando os cientistas a verem quais regiões cerebrais eram mais ativas ou não, durante várias atividades às quais eu menciono quatro delas neste texto.
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Método
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Discorrer brevemente sobre a psiquiatria, psicoterapia, meditação e práticas religiosas, relacionando-as com as experiências de escaneamento ou varredura cerebrais, nos quais se descobriram alterações em áreas cerebrais e, com isso, descrever a relação com as mudanças no comportamentos das pessoas, melhorando suas condições psíquicas.
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Psiquiatria
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Quero
nesta primeira seção discorrer somente com a depressão pois é mais
fácil, até para os leigos, compreender os efeitos positivos dos fármacos
utilizados na cura e/ou amenização dos sintomas dessa doença tão comum. Pessoas muitas vezes incrédulas no sentido de aceitá-la como uma enfermidade e mais como um estado passageiro de alguém próximo, se convencem do poder dos remédios utilizados para tanto. E um importante fato a ser mencionado aqui é a suspensão da neuroplasticidade quando da presença dessa doença.
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Estar deprimido não é algo fácil
para ninguém, principalmente na depressão profunda, na qual os
conselhos de pessoas como sair de casa e encontrar amigos, viajar, ficar
de férias, etc., não resolvem nada. Uma pessoa nessas condições pode
nem sair da cama e até o convívio com os entes familiares fica afetado. O melhor é procurar ajuda psiquiátrica, a qual resultará em prescrição de fármacos, entre eles, os antidepressivos. Estes aumentam os níveis de neurotransmissores nas fendas sinápticas ou promovem a inibição da recapitação da serotonina como no caso da fluoxetina. Mas não é só isso. Tem-se descoberto uma grande influência do stress na origem das depressões, na qual os antidepressivos podem diminuir o desgaste da neuroplasticidade, aumentar a neurogênese, favorecer o crescimento de fibras nervosas, formação de novas sinapses e estabilização das já existentes. O próprio aumento da neurogênese se faz com o uso contínuo, prolongado, desses remédios, não com outras classes de fármacos, e, também, não sendo um tratamento de curta duração. (2)
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"A
plasticidade neural, um mecanismo fundamental de adaptação neuronal, é
interrompida na depressão. As mudanças na plasticidade neural induzida
por estresse e outros estímulos negativos desempenham um papel
significativo no aparecimento e desenvolvimento da depressão. Também se
descobriu que os tratamentos antidepressivos exercem seus efeitos
antidepressivos através de efeitos regulatórios sobre a plasticidade
neural ... O
hipocampo é a região cerebral mais comumente estudada na pesquisa sobre
depressão. Do ponto de vista estrutural, o hipocampo faz parte do
sistema límbico e desenvolve conectividade de fibras nervosas com
regiões cerebrais relacionadas à emoção, por exemplo, o córtex
pré-frontal e a amígdala. ... A
plasticidade do hipocampo na depressão envolve alterações volumétricas
do hipocampo, neurogênese hipocampal e apoptose de neurônios do
hipocampo ... Por exemplo, a venlafaxina, um inibidor duplo de
recaptação de serotonina / noradrenalina, suprime a apoptose hipocampal
aumentando o fator neurotrófico derivado do cérebro [BDNF]. (3) Além
disso, a fluoxetina, um inibidor da recaptação da 5-hidroxitriptamina,
regula a plasticidade do hipocampo, aliviando a regulação positiva da
molécula de adesão celular neural polissiica sinaptosomal, causada por depressão e induz uma resposta antiapoptótica no hipocampo. (4)" (5)
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Os efeitos dos antidepressivos utilizados
para os tratamentos da depressão, realmente são muito estudados e
podem incluir calmantes e ansiolíticos. Talvez as publicações em
psicologia / psiquiatria sobre a depressão são as maiores
em número de saídas para os leigos, indicando o quanto já se avançou
sobre esse assunto. Antidepressivos tricíclicos, de recapitação da
serotonina, recapitação da noradrenalina, inibidores da monoaminoxidase (IMAO), antidepressivos tetracíclicos, etc., fazem parte do arsenal já criado pelos cientistas a minimizarem os sofrimentos dessa terrível doença.
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Na realidade bastaria apenas o aumento da quantidade de neurotransmissores entre neurônios, ou seja, um efeito muito simples dos antidepressivos, para que a funcionalidade de circuitos neuronais se modificasse e, com isto, a chamássemos de neuroplasticidade, modificando parte do comportamento de uma pessoa.
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Quer dizer, de transformações microscópicas em níveis neuronais, altera-se o comportamento das pessoas, trazendo-as de volta às suas vidas sociais, afetivas e de trabalhos, estabilizando suas emoções e sentimentos? Sim, e é por isso que eu chamo de neurorreligação.
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Psicoterapia
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“Devemos nos lembrar que todas as nossas ideias provisórias em psicologia partem da premissa da qual, um dia, elas estarão baseadas em uma subestrutura orgânica (Freud). (6)
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"...baseadas em uma subestrutura orgânica." Freud já imaginava o comportamento humano oriundo do funcionamento de estruturas orgânicas cerebrais.
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Por outro lado, uma ótima definição de neuroplasticidade é: a capacidade do cérebro mudar e se adaptar em estrutura e funcionamento devido a estímulos intrínsecos e extrínsecos. Em outras palavras, a entrada muda a resposta, e esta é a "primeira lei", a lei fundamental da neuroplasticidade. Se as entradas mudam as respostas, então estímulos aos quais um profissional da saúde proporciona ao paciente, podem mudar estruturas e funcionamento de áreas cerebrais, alterando o comportamento pós-psicoterapia? Sim e isso é a moderna psicologia, como mostram as considerações abaixo:
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"Há
muito tem sido reconhecido pelos clínicos que as intervenções
psicológicas podem alterar profundamente os conjuntos de crenças, modos
de pensar, estados afetivos e padrões de comportamento dos pacientes ...
A redução dos sintomas é um dos principais objetivos da psicoterapia em
geral e pode ser considerada como a referência contra a qual o sucesso
das terapias comportamentais e cognitivas deve ser medido. A elucidação
dos correlatos neurais da redução dos sintomas é, portanto, o objetivo
principal de qualquer investigação sobre os mecanismos biológicos da
psicoterapia." (7)
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"A psicoterapia também é 'biológica',
pois pode levar a mudanças funcionais e estruturais reais no cérebro.
Na verdade, às vezes a psicoterapia e a medicação produzem mudanças
surpreendentemente semelhantes no cérebro ... Em um estudo,
pesquisadores da UCLA descobriram que pessoas que sofriam de depressão
tinham atividade anormalmente alta em uma área do cérebro chamada córtex
pré-frontal. Aqueles que melhoraram depois de terem sido tratados com
um tipo de terapia chamada terapia interpessoal (IPT) mostraram uma
diminuição na atividade no córtex pré-frontal após o tratamento. Em
outras palavras, o IPT parecia 'normalizar' a atividade cerebral nessa
região hiperativa. Outro estudo analisou pessoas que têm transtorno
obsessivo compulsivo (TOC), que tendem a ter uma área hiperativa do
cérebro chamada núcleo caudado. O tratamento com um tipo de terapia
chamado terapia cognitivo-comportamental (TCC) foi associado com uma
diminuição na hiperatividade do núcleo caudado, e o efeito foi mais
evidente em pessoas que tiveram uma boa resposta à TCC. Em outras
palavras, quanto melhor a terapia parecia funcionar, mais a atividade
cerebral mudava." (8)
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No artigo “Psicoterapia e neurociências: um encontro frutífero e necessário”, da Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, (9) os autores dizem o seguinte: “A neurociência
tem demonstrado que um comportamento pode ser aprendido e aperfeiçoado
pela experiência, que altera a ‘voltagem’ das sinapses na rede neural,
provendo a formação de novos circuitos neurais e novas memórias,
acessíveis em ocasiões posteriores." (10)
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Outro relato deles diz: “Os estudos com neuroimagem …
objetivam pesquisar alterações anatômicas especialmente relacionadas à
volumetria de estruturas encefálicas e funcionais para investigarem
alterações na dinâmica do fluxo sanguíneo encefálico, aumento ou
decréscimo de ativação nas estruturas e circuitos neurais" (11)
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Aqui entra o ponto em questão: conversas entre um paciente e um profissional alterando estruturas cerebrais e consequentemente comportamentos. Por intermédio de conversas entre os dois, o paciente acaba conhecendo melhor os seus problemas, e, por isso, aprender a resolvê-los. Nesta interação o paciente também aprende a melhor se adaptar e agir no meio ambiente social no qual vive. Espera-se também da
psicoterapia uma melhora na qualidade de vida através de comportamentos
mais adaptados, pensamentos mais racionais e uma melhora na
inteligência emocional como um todo. Como
efeitos de longo prazo, novas capacidades e competências são adquiridas
em nível da personalidade, aumento da autoestima, um posicionamento
mais eficaz perante a vida.
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Isso é uma religação ao mundo no sentido de deixarem as pessoas mais felizes, uma volta das pessoas aos seus mundos normais.
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Mais uma vez, transformações micro em níveis neuronais altera-se o comportamento macro das pessoas, trazendo-as de volta às suas vidas sociais, afetivas e de trabalhos, estabilizando suas emoções e sentimentos? Sim, a neurorreligação.
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Meditação
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Meditação é, literalmente, pensar, refletir, mas, de acordo com esse tempo de pensar e o tempo gasto nesse exercício cerebral, uma grande carga de emoção é envolvida nesse processo.
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Sua origem é muito antiga e, apesar do conhecido
hoje, ser dos egípcios as primeiras evidências, ela é associada a
religiões orientais, embora a sua prática possa não ter conteúdo
religioso, ou seja, seria também o pensar sem vínculo com valores religiosos.
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Ela é livre, você pode refletir sobre uma frase positiva, uma palavra, um objetivo, etc. Muitas pessoas seguem os passos da tradição budista, a qual existe há muito tempo, sendo, digamos assim, a mais avançada nessa prática tão relaxante às pessoas interessadas em buscar alívio para suas tensões e ansiedades.
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E não é por acaso uma prática difunde-se cada vez mais em nossa cultura ocidental: a meditação mindfulness baseada nessas tradições budistas.
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Nessa seção do texto irei me basear no artigo "A translational neuroscience perspective on mindfulness meditation as a prevention strategy" (12), no qual os autores descrevem essa meditação como "atenção não crítica às experiências no momento presente" e sendo subdividida em "métodos envolvendo atenção focalizada e aqueles envolvendo monitoramento aberto da experiência do momento presente".
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Em termos dos meus interesses aqui é a neuroplasticidade, promovida, nesse caso, nas regiões cerebrais ligadas à atenção, autoconsciência e regulação emocional.
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Regulação emocional refere-se a estratégias influenciando quais emoções surgem e quando, por quanto tempo elas ocorrem e como essas emoções são experimentadas e expressas. Estudos de neuroimagem mostraram a regulação emocional ativando múltiplas regiões do córtex pré-frontral (CPF) e regiões límbicas como a amígdala.
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Veja, regulação emocional, um termo sugestivo nessa minha descrição dos estados cerebrais durante a meditação: múltiplas regiões pré-frontais, regiões límbicas e estriado, sendo estas as áreas do alcance da mindfulness. Além do mais, reduzir o estresse, promover a saúde e o bem-estar, com redução de dores crônicas, bem como o tratamento de sintomas de saúde mental, como ansiedade, depressão e abuso de substâncias químicas, também são do alcance benéfico dessa meditação.
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O impressionante na mindfulness é, em primeira instância, a ativação de regiões cerebrais específicas às quais estão associados a domínios específicos de auto-regulação, resultando então, em última análise, na melhora da saúde mental. Algo geral influenciando muitas partes cerebrais...
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Fica claro, portanto, os benefícios da meditação mindfulness para os desequilíbrios emocionais, como a ansiedade, e, também ao transtorno de ansiedade generalizada (TAG), estado incapacitante do indivíduo em levar a sua vida normal.
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Transformações micro em níveis neuronais altera-se o comportamento macro das pessoas, trazendo-as de volta às suas vidas sociais, afetivas e de trabalhos, estabilizando suas emoções e sentimentos? Sim, a neurorreligação.
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Prática religiosa
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É muito comum nós nos depararmos com pessoas voltando às suas vidas normais após uma fase de alguns meses ou mais, na qual haviam perdido o trabalho, entes próximos, bens materiais, etc. Ficaram deprimidas, ansiosas, sem capacidade de continuarem com a vida comum de antes dos fatos negativos ocorridos na vida delas. E o que fizeram? Se recomporão aos poucos, mas sempre procurando uma igreja ou templo para rezar, orar, se concentrarem nas palavras de um bispo ou um padre,
etc. São as práticas religiosas também válidas até em casa, em um
parque, em qualquer lugar onde possam exercer atividades voltadas ao "espiritual".
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No livro "Como Deus pode mudar sua mente - um diálogo entre fé e neurociência", (trad. brasileira) (13) os neurocientistas Andrew Newberg e Mark Waldman descrevem aspectos positivos das crenças e práticas religiosas, incluindo até a meditação, como, por exemplo:
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"Centenas
de estudos médicos, neurológicos, psicológicos e sociológicos sobre
religião [mostram] ... até mesmo a participação religiosa mínima está
correlacionada com o aumento da longevidade e da saúde pessoal". (p.
149)
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"Atividades
que envolvem meditação e oração intensiva, fortalecem permanentemente o
funcionamento neural em partes específicas do cérebro que estão
envolvidas na redução da ansiedade e depressão, aumentando a consciência
social e empatia, e melhorando o funcionamento cognitivo e
intelectual." (p. 149)
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"Se você contemplar Deus por tempo suficiente, algo surpreendente acontece no cérebro
... Novos dendritos são formados, novas conexões sinápticas são feitas,
e o cérebro se torna mais sensível aos reinos sutis da experiência."
(p. 3)
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"Intensa,
a longo prazo, a contemplação de Deus e outros valores espirituais
parece mudar permanentemente a estrutura das partes do cérebro que
controla nossos humores ..." (p. 7)
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"Os benefícios para a saúde associados à meditação e ao ritual religioso não podem ser negados". (p. 7)
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As frases "... Novos dendritos são formados, novas conexões sinápticas são feitas ...", "... alterar
permanentemente a estrutura daquelas partes do cérebro que controlam
nossos humores ..." e "... As atividades que envolvem meditação e oração
intensiva, fortalecem permanentemente o funcionamento neural em partes
específicas do cérebro envolvidas na redução da ansiedade e da
depressão, aumentando a consciência social e a empatia, e melhorando o
funcionamento cognitivo e intelectual.", se referem claramente à neuroplasticidade e todas essas citações ao bem-estar, à saúde mental, com a normalização das instabilidades emocionais.
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Andrew Newberg é realmente um cientista muito famoso, todos sabem dos vários livros escritos por ele sobre
os efeitos das meditações de monges budistas tibetanos e orações de
freiras católicas a modificarem estruturas cerebrais, utilizando
aparelhos como o SPECT.
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Por tudo isso, talvez só bastasse a mim, nesta seção "práticas religiosas", não incluir as meditações, mas devido ao alcance e importância das experiências de Newberg eu quis aqui colocar mais informações sobre as meditações, e por citar a tão comum e eficiente meditação mindfulness, tornando essas duas últimas seções mais vigorosas, robustas.
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Neuroplasticidade, transformações micro em níveis neuronais alterando-se o comportamento macro das pessoas, trazendo-as de volta às suas vidas sociais, afetivas e de trabalhos, estabilizando suas emoções e sentimentos como no primeiro parágrafo? Sim, a neurorreligação.
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Resultados
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A psiquiatria, psicoterapia, meditação e as práticas religiosas realmente atuam em níveis microscópicos no cérebro, modificando o comportamento de pacientes tratando com uma só delas ou alguma combinação das mesmas. Indivíduos incapacitados temporariamente a levarem uma vida plena de trabalho, social e afetiva, retornam às suas vidas de antes dos desequilíbrios emocionais, por eles afetados, influindo positivamente no bem-estar e felicidade dos mesmos.
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Discussão
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Criar ou cunhar um novo termo científico se faz na descoberta de algo, de um padrão, colocando-se um nome em algo já existente, etc., mas em um nível superior. A partir desse nível pode-se ter muitas discussões ou aplicações relacionando fenômenos no mesmo nível.
Uma pessoa curada, estabilizada em suas emoções e sentimentos, como
antes de uma das quatro práticas citadas neste texto, se dirá neurorreligada ao mundo.
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Conclusão
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Quatro métodos diferentes, separados por milênios em termos de origens, levando as pessoas a um bem-estar psíquico e partindo de uma mesma propriedade em comum, a neuroplasticidade, embora em regiões diferentes do cérebro, mas com algumas iguais, realmente podem nessa finalidade em comum, levarem, a um mesmo termo científico o qual denominei de neurorreligação.
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Referências
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(1) Silva, Laura Angélica Tomáz. Ferramenta experimental para análise de padrões de atividade cerebral. 2015. Disponível em: < http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/5629/1/PB_COADS_2015_2_03.pdf >. Acesso em: 14/05/2020.
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(2) Filipe Arantes-Gonçalves, Rui Coelho. Depressão e Tratamento - Apoptose, Neuroplasticidade e Antidepressivos. Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental. Hospital de São João/Faculdade de Medicina do Porto. 2006. Disponível em: < https://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/download/910/583 >. Acesso em: 14/05/2020.
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(4) Djordjevic A., Djordjevic J., Elaković I., Adzic M., Matić G., Radojcic M. B. Fluoxetine affects hippocampal plasticity, apoptosis and depressive-like behavior of chronically isolated rats. Progress in Neuro-Psychopharmacology and Biological Psychiatry. 2012;36(1):92–100. doi: 10.1016/j.pnpbp.2011.10.006. [PubMed] [Cross Ref].
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Original de 1912. 1990. (Obras psicológicas completas de Sigmund Freud, v. 1).
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(7) Linden, D E J. How psychotherapy changes the brain – the contribution of functional neuroimaging. Molecular Psychiatry. 2006/03/07/online. Disponível em: < http://www.nature.com/articles/4001816 >. Acesso em: 14/05/2020.
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(8) Serina Deen. How Psychotherapy Changes the Brain. 2015. American Psychitriac Association. APA Blogs. Disponínel em: < https://www.psychiatry.org/news-room/apa-blogs/apa-blog/2015/08/how-psychotherapy-changes-the-brain >. Acesso em: 14/05/2020.
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(9) Júlio Fernando Prieto Peres, Antônia Gladys Nasello. Psicoterapia e neurociências: um encontro frutífero e necessário. 2005. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872005000200003 >. Acesso em: 14/05/2020.
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(10) (Kandel, Schuartz & Jessell, 2000): Kandel, E.R., Schuartz, J.H. & Jessell, T.M. (2000). Principles of Neural Science (4. ed).
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(11) (Peres & Nasello, 2005): Peres, J.F.P. & Nasello, A.G (2005). Neuroimagem em Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Em R. Caminha (Org.). Transtorno do Estresse Pós-Traumático: da neurobiologia à terapia cognitiva. (pp. 65–94) Porto Alegre: Ed. Casa do Psicólogo.
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(12) Yi-Yuan Tang, Leslie D Leve. A translational neuroscience perspective on mindfulness meditation as a prevention strategy. 2015. NCBI - National Center for Biotechnology Information. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4807201/ >. Acesso em: 14/05/2020.
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(13) Andrew Newberg MD e Mark Robert Waldman. How God Changes Your Brain: Breakthrough Findings from a Leading Neuroscientist. 2009. Editora: Ballantine Books. 368 p.